O Regicídio


No dia 1º de Fevereiro do ano de 1908, foram assassinados, no Terreiro do Paço, em Lisboa, El-Rei Dom Carlos e o seu filho Dom Luí Filipe, Príncipe Real, por elementos da Carbonária, a mando da maçonaria, republicanos e pseudo-monárquicos movidos por interesse, marcando o principio do fim da Monarquia Constitucional, dando origem a períodos de instabilidade e pobreza para o povo de Portugal.

Na obra de Jorge de Morais “Regicídio a contagem decrescente 100 anos (1908-2008)“, pp. 127,128, 129,130, 132, 160, 161), o autor põe a claro, sem reservas nem contemplações, os implicados no monstruoso crime, onde sem sombra de dúvida aparecem, entre outros, os nomes de José d’Alpoim e de Francisco de Herédia (Visconde da Ribeira Brava), este último avô de Isabel de Herédia (casada com o pretendente miguelista D. Duarte Pio de Bragança). Veja-se então:

Tudo começou em Junho de 1907 com uma reunião em casa de José Maria de Alpoim, dissidente monárquico, líder da Dissidência Progressista, em que participaram, entre outros, Afonso Costa e Alexandre Braga, líderes republicanos, Francisco Correia de Herédia, visconde da Ribeira Brava, Egas Moniz e João Chagas, jornalista que descreveu a reunião.

Em Dezembro de 1907, o grupo dissidente de José de Alpoim aborda o armeiro Gonçalo Heitor Ferreira, com loja junto à estação do Rossio. Heitor “era um republicano convicto […], filiado na Maçonaria e membro da Carbonária.

“(…) Em resultado da abordagem dissidente, Gonçalo Heitor de imediato encomenda à Casa Monkt, de Hamburgo (representante da marca Winchester na Europa), 9 carabinas Winchester semiautomáticas de calibre 351.” (Jorge de Morais, “Regicídio a contagem decrescente 100 anos (1908-2008), Lisboa, 2007, Páginas 128 e 129).

“(…) As carabinas chegaram a Lisboa ainda antes final do ano (…) foram reservadas para o seu comprador e pagador, Francisco Herédia, Visconde da Ribeira Brava, que as levantaria em meados de Janeiro. Com as Winchester vem igualmente um lote de pistolas FN-Browning de calibre 7,65. Pelo cotejo dos números de série, foi possível determinar que destes lotes saíram as duas principais armas usadas no regicídio duas semanas mais tarde: a Browning nº 349-432 de Alfredo Costa e a Winchester nº 2137 de Manuel Buíça (Miguel Sanches de Baêna, Diário de D. Manuel, pp. 143-144).

Armas utilizadas – Espingarda Winchester e pistola FN-Browning

Resolvido o problema das armas era necessário encontrar quem as usasse. É aqui que os serviços da «Coruja», uma célula ou canteiro da Carbonária, foram requisitados.

 “Alpoim sabia-o melhor do que ninguém: ele próprio presidiu, ainda em finais de 1907, “numa casa da Costa do Castelo”, à reunião de um grupo restrito de 30 membros da “Coruja” em que pela primeira vez se falou de um plano concreto para assassinar o Rei – plano cujas “linhas de fundo […] ele próprio traçou e orientou” (Miguel Sanches de Baêna, op. cit., p. 137; e Jorge de Morais, op. cit., p. 130).

“ O plano do regicídio começa a ser desenvolvido por Alpoim e toma foros de realidade no seio da Coruja, à qual não era estranha a presença do visconde da Ribeira Brava (Francisco Herédia). Ali definem uma estratégia a seguir que seria naturalmente apoiada pela restante Carbonária. E numa reunião algures numa casa na Costa do Castelo, presidida por José de Alpoim e onde, para além do visconde da Ribeira Brava se encontravam trinta pessoas, foi comunicada a decisão de se matar o Rei.” (Miguel Sanches de Baêna, op. cit., p. 139).

“A verdade completa sobre o Regicídio, dificilmente virá a ser conhecida. Com o desaparecimento do respectivo processo, restam as conjecturas, as suposições, as teorias. José de Alpoim disse em diversas ocasiões «Só há duas pessoas em Portugal que sabem tudo – eu e outra». Soube-se depois que a pessoa a quem ele se referia era ao visconde da Ribeira Brava.” (Carlos Loures, A Carbonária, a «coruja» e a conspiração do Regicídio – 2 (Centenário da República) – Aventar).