Reis de Portugal

Da História

DINASTIA DE BORGONHA

Depois das guerras pela independência, que terminam com a assinatura do Tratado de Paz, em Zamora (1143), realizado entre D. Afonso I de Portugal e D. Afonso VII de Leão, o Rei de Leão reconhece a D. Afonso Henriques o título de Rei.

D. Afonso Henriques irá continuar a reconquista do território que estava nas mãos dos Mouros, iniciando um período de avanço para o sul. Assim, dão-se a Conquista de Leiria (1145), Tomada de Santarém e Conquista de Lisboa (1147), Tomada de Alcácer do Sal (1158), Tomada de Beja (1162), Conquista de Évora (1165), Tomada de Serpa, Moura e Juromenha (1166).

Em 1179 através da Bula Manifestatis Probatum, o Papa Alexandre III reconhece a D. Afonso o título de Rei.

Com a Fundação do Reino de Portugal, inicia-se também a Primeira Dinastia, chamada de Borgonha, ou Afonsina. Seu filho, o Rei D. Sancho I, continuará a reconquista do território aos Mouros, sendo continuado nesta obra por seu filho o Rei D. Afonso II, e pelos filhos deste os Reis D. Sancho II e D. Afonso III.

No ano de 1249, D. Afonso III concluirá a Conquista do Algarve com a tomada de Faro, Albufeira, Loulé e Aljezur. Também neste reinado será celebrado o Tratado de Badajoz (1267), pelo qual o Rei de Castela reconhece a Portugal o direito à posse do Algarve.

A D. Afonso III, sucede-lhe o Rei D. Dinis (1279-1325), que funda a Universidade. No seu Reinado será celebrado o tratado de Alcanizes (1297), onde são fixadas definitivamente as fronteiras portuguesas. Também há que salientar a criação da Ordem de Cristo (1319), que substitui em Portugal a Ordem dos Templários extinta pelo Papa. Do seu casamento com a Princesa D. Isabel de Aragão (Rainha Santa Isabel), nasce seu filho herdeiro D. Afonso IV, em cujo reinado saí vitorioso da batalha do Salado (1340), onde os Reis de Portugal e de Castela combatem juntos contra os Mouros.

A D. Afonso IV sucede seu filho D. Pedro I, que reinará dez anos, estabelecendo mais solidamente a justiça no Reino. O seu sucessor será o Rei D. Fernando I, o último Soberano da primeira dinastia.

DINASTIA DE AVIZ

D. João I, anónimo, MNAA

Dona Beatriz filha de Dom Fernando I e casada com o Rei de Castela João I, tinha direito ao Trono de Portugal, mas a Nação manifestou-se contra o advento de uma Rainha que estava casada com rei estrangeiro. Assim dá-se uma revolução encabeçada pelo Mestre da Ordem de Avis, D. João, filho bastardo de El-Rei D. Pedro I, que é proclamado pelo povo de Lisboa como “Defensor e Regedor do Reino“, sendo aclamado Rei nas Cortes de Coimbra, a 6 de Abril de 1385. Nesse mesmo ano com a famosa vitória sobre os Castelhanos na batalha de Aljubarrota, graças ao génio militar de D. Nuno Álvares Pereira (O Santo Condestável), consolida-se a Independência Nacional.

Assim nasce a Segunda Dinastia chamada de Avis, a grande Dinastia, que será responsável pela expansão e formação do Império Ultramarino Português. Do casamento de Dom João I, com Dona Filipa de Lencastre (em 1387), filha do Duque de Lencastre, e neta do Rei de Inglaterra, nasceu a mais extraordinária geração de Príncipes – A Ínclita Geração: Dom Duarte (futuro Rei), Dom Henrique, Dom Pedro, Dom João e Dom Fernando(o “Infante Santo”).

No Reinado de Dom João I (+1433), começa a Epopeia dos Descobrimentos, iniciados com a conquista de Ceuta (1415), a Praça moura mais forte do Norte de África, onde Dom João I, arma seus filhos Cavaleiros. Seguem-se expedições mandadas pelo Infante Dom Henrique, através das quais se verificam os descobrimentos das Ilhas de Porto Santo (1419) e Madeira (1420), continuando no Reinado de Dom Duarte, com a grande aventura da passagem do temido cabo Bojador (1434). A partir de então Portugal começava a dar novos mundos ao Mundo.

Durante os reinados de Dom Duarte (+1438) e de Dom Afonso V (+1481), o Infante Dom Henrique (+1460), que recebera o sentido da consagração a uma missão superior, continua a empresa de levar a fé na Cruz de Cristo a novas gentes, que viviam nas trevas da barbárie. No ano de 1437, dá-se o desastre de Tânger, onde ficará prisioneiro o Infante Dom Fernando (o Infante Santo). Em 1453, concluí-se o descobrimento do Arquipélago dos Açores; e em 1460, começa a exploração do Arquipélago de Cabo Verde.

Depois da morte do Infante Dom Henrique, os Reis de Portugal chamam a si a continuação da sua missão civilizadora. Ainda no reinado de Dom Afonso V, descobrem-se as Ilhas de S. Tomé e Príncipe (1470), e dá-se a Conquista de Arzila (1471). Dom Afonso V “O Africano”, foi um Rei à maneira dos Reis da primeira Dinastia, feitos de bravura contra os infiéis no seu próprio território, onde continuavam a ser uma ameaça. Sucessivamente caem as Praças de Alcácer Ceguer, Arzila, Tânger…, e o Rei passa a intitular-se Rei de Portugal e dos Algarves de aquém e além mar em África…

Reina Dom João II (+1495), uma das maiores figuras da História Universal, pelo impulso decisivo que deu aos Descobrimentos, abrindo à Europa os caminhos do Mundo. A sua continuada acção fez avançar as naus portuguesas para sul, ao longo da costa Africana. Em 1482, Diogo Cão atinge a foz do Zaire e explora a região do Congo, implantando o primeiro padrão português. Em 1487, Dom João II, envia por terra Pero da Covilhã e Afonso de Paiva, na demanda do Reino do Prestes João e da Índia. No ano seguinte Bartolomeu Dias, dobra o Cabo das Tormentas que agora havia de ser chamado da Boa Esperança. Eleva-se assim o nome do grande Rei, que tudo preparou, tudo dirigiu numa visão admirável, só igualada pelo Infante de Sagres. O fim do seu reinado é coroado com a assinatura do Tratado de Tordesilhas (1494), que dividia o Mundo a descobrir por Portugal e Castela.

Morre Dom João II sem deixar descendência legítima, sucedendo-o então o filho do Infante Dom Fernando – Dom Manuel I (+1521). Neste reinado Vasco da Gama chega à Índia por mar (1498) e Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil (1500). Inicia-se a presença efectiva de Portugal no Oceano Índico. Afonso de Albuquerque conquista Ormuz (1507) e Goa (1510), seguindo-se a conquista de Malaca (1511).

O reinado de Dom Manuel I havia de marcar a presença de Portugal no Oriente, exercendo relações pacíficas com aqueles que connosco assim tratassem; inaugurando uma época de intercâmbio cultural que dura até aos nossos dias. A Embaixada esplendorosa que Dom Manuel I envia ao Papa (1514), é disso testemunho.

Com Dom João III (1557), Portugal chega ao apogeu no Oriente, estabelecendo entrepostos comerciais na China (1517) e no Japão (1543), espalhando as suas missões pela Oceania. A segunda defesa de Dio (1546), marcará a nossa presença por mais de quatrocentos anos. É neste reinado que o Imperador da China cede Macau a Portugal (1557), em recompensa da nossa actuação contra os piratas do mar da China. Este reinado marcará, também, o início da colonização sistemática do Brasil (1530), mas por outro o declínio português no norte de África, com o abandono de várias Praças. Com o Rei Dom Sebastião (+1578) dá-se o desastre de Alcácer Quibir (1578), onde o jovem Rei imbuído nos ideais da Cavalaria, no ardor pelo serviço de Deus na defesa da Cristandade, lança-se na expedição a Marrocos, onde o seu exército é destroçado. Com este reinado e do efémero reinado de seu tio, o Cardeal Dom Henrique (+1580), acabava a segunda dinastia, e o Trono passaria para uma dinastia estrangeira.

DINASTIA DE HABSBURGO (ÁUSTRIA)

Filipe I, por Peter Rubens, Museo Nacional del Prado

A sucessão do Cardeal Dom Henrique, seria disputada por diversos descendentes do Rei Dom Manuel I – os estrangeiros Filipe II de Espanha, o Duque de Sabóia, o Duque de Parma, e os Portugueses – Duquesa de Bragança, e o bastardo Dom António (Prior do Crato). O desfecho final é dado pelo exército de Filipe II, que depois será aclamado e jurado Rei de Portugal nas Cortes de Tomar (1581), comprometendo-se o Rei a guardar as Leis do Reino, os usos, costumes e privilégios dos Portugueses.

Nos três Reinados Filipinos, de D. Filipe I (II)(+1598), D. Filipe II (III)(+1621) e de D. Filipe III (IV)(+1665), o nosso Império Ultramarino foi sendo reduzido e conquistado pelos inimigos dos Áustrias, como os Franceses, Holandeses, e Ingleses. As garantias dadas de que Portugal não perderia a sua Independência, pela Monarquia dualista que era criada, sendo o mesmo Rei a governar dois Reinos diferentes, foi-se esbatendo pouco a pouco nos primeiros tempos, mais depressa depois, querendo reduzir Portugal a uma mera Província de Espanha.

DINASTIA BRAGANÇA

D. João IV por José de Avelar Rebelo, Paço Vila Viçosa

Quando chegamos à manhã do dia 1º de Dezembro de 1640, dá-se a Revolução pela mão de um grupo de Fidalgos, que triunfa rápidamente restaurando a Independência Nacional, sendo aclamado como Rei de Portugal o Duque de Bragança – Dom João IV. Momento de heroicidade que iria fundar a Quarta Dinastia na Sereníssima Casa de Bragança.

A acção de Dom João IV (+1656) foi incansável; a tudo acodia, pois era necessário refazer o exército, construir fortalezas para a defesa do Reino, e da Restauração do nosso Império Ultramarino. Salvador Corrêa de Sá, reconquista Angola (1648), e o General Francisco Barreto (que pelos seus feitos terá a mercê do Título de Conde do Rio Grande), vence os Holandeses na Batalha dos Guararapes (1648), expulsando-os definitivamente do Recife em 1654. As Embaixadas que o Rei envia às potências Europeias, foram decisivas para o reconhecimento da Independência de Portugal, e da nova Dinastia.

Seu filho Dom Afonso VI, continuará a obra de seu Pai, na defesa do Reino contra os Espanhóis, assim consegue com a ajuda de valorosos Fidalgos, como o Marquês de Marialva e o Conde de Vila Flôr, vitoriosos nas batalhas das Linhas de Elvas (1659), e do Ameixial (1663). Seu reinado será marcado pela influência do Conde de Castelo-Melhor.

Seu irmão Dom Pedro II (+1706), assinará o Tratado de paz com a Espanha (1668), continuando a restauração do nosso Império. Durante o seu reinado serão descobertas as minas de ouro no Brasil (1698). Na guerra de sucessão de Espanha (1700-1706), Portugal será aliado do Arquiduque d’Áustria e da Inglaterra, contra Filipe de Anjou. Nesse teatro de guerra, o intrépido Português Marquês das Minas, invade a Espanha e entra triunfal em Madrid (1704), aclamando o Arquiduque Carlos.

O Reinado de seu filho o Rei Dom João V (+1750), será marcado pela volta da grandeza e esplendor da sua Corte, fazendo com que o Seu nome e o de Portugal, sejam respeitados em todo o Mundo. Dá-se a batalha de Matapão contra os Turcos, onde o Rei envia uma esquadra comandada por Lopo Furtado de Mendóça, Conde do Rio Grande, que os vencerá juntamente com os navios da Ordem de Malta, dos Estados Pontifícios e de Veneza. Consegue os maiores privilégios da Santa Sé, para a Igreja de Lisboa, como a dignidade Patriarcal (1716). O Papa concede-lhe o título de Rei “Fidelíssimo”(1748). Dom João V, funda a Academia Real da História (1720), e inaugura uma época de grandes obras públicas, como o Aqueduto das Águas Livres, o Convento de Mafra, e muitas outras espalhadas pelo País.

O Rei Dom José I (+1777), terá o seu reinado marcado pelo Terramoto de Lisboa (1755), e pelo Absolutismo exercido pelo Marquês de Pombal, que imporá um regime de terror e de medo. A execução dos Marqueses de Távora é um dos episódios mais marcantes da crueldade desses tempos.

Suceder-lhe-á a Piedosa Rainha Dona Maria I (+1816), que será um exemplo de rectidão para todos, tendo como primeira medida soltar todos os presos políticos da era de Pombal, e moralizar a vida pública, suprimindo gastos desnecessários, procedendo a severas economias nos Palácios Reais. Deu incremento à Indústria, e ao Comércio, melhorando as condições da Marinha e do Exército. Restabeleceu as audiências régias às terças e quintas-feiras, sendo aí, admitida toda a gente. Foi uma Rainha adorada por todos os extractos da população.

Será seu sucessor o Rei Dom João VI (1767-1826), que por doença de sua mãe, será Regente do Reino (1799-1816). O Seu reinado será marcado pelas invasões francesas e pela instabilidade europeia. Com a visão de um verdadeiro Estadista, resolve pôr em prática o plano da ida da Corte para o Brasil (1807), salvaguardando assim a Independência de Portugal, ameaçada por Napoleão. Nesse Estado Ultramarino realiza uma obra notável de progresso e fomento económico. Em 1815, eleva o Brasil a Reino. Em 1821, regressa a Portugal, deixando seu filho Dom Pedro no Brasil, que um ano mais tarde haveria de dar Independência àquele Estado. Neste período difícil do seu reinado, onde os anseios liberais e as forças absolutistas, tomavam cada vez mais conta da vida Nacional, o Rei foi sempre o guardião da prudência e serenidade. Os últimos anos da sua vida são passados no seio de intrigas palacianas e de conspirações. O assassínio de seu leal valido – o 1º Marquês de Loulé (1824) e a revolta da Abrilada (1824), planeada pelo Infante Dom Miguel e pela Rainha, são os acontecimentos mais marcantes do fim do seu Reinado.

Seguir-se-á a Regência da Infanta Dona Isabel Maria (1826-1828), o efémero Reinado do usurpador Dom Miguel I (1828-1834), a Regência de Dom Pedro IV, em nome da Rainha Dona Maria II, e a Guerra Civil (1832-34), da qual sai vencedora a Rainha Dona Maria II e a causa liberal.

No Reinado de Dona Maria II (1826-1853), decorrem desentendimentos entre as várias correntes políticas, dando origem a um certo sentimento de desordem e instabilidade institucional, que leva à ditadura de Costa Cabral, gerando a Revolução da Maria da Fonte (1846). Segue-se uma série de governos, ora liderados por uma corrente ora por outra, tendo à sua frente figuras como o Duque de Saldanha e o Marquês de Sá da Bandeira. Com a morte da Rainha em 1853, seu marido o Rei Dom Fernando II assume a Regência até 1855. Desde a Sua chegada a Portugal, Dom Fernando teve a preocupação pela salvaguarda do património artístico de Portugal, empreendendo à sua custa restauros em diversos monumentos, como no Mosteiro da Batalha e na Torre de Belém.

Os Reinados de seus filhos os Reis Dom Pedro V (1855-61) e Dom Luís I (1862-89), serão anos de prosperidade material e científica, que a excepcional inteligência e preparação dos filhos de Dona Maria II, fazem Portugal recuperar o seu lugar no concerto das Nações, a par dos progressos tecnológicos e sociais das principais potências da Europa. A morte de Dom Pedro V, com a febre tifóide (que apanhara nas suas múltiplas visitas aos hospitais, onde ia confortar os doentes com essa peste), causa a maior consternação pública, sendo idolatrado pelo povo pela bondade de seu coração.

O Rei Dom Carlos I (1863-1908), filho do Rei Dom Luís I, inicia o seu reinado confrontando-se com o “Ultimatum” da Inglaterra sobre o mapa cor de rosa, onde Portugal terá de ceder face à ameaça de guerra. Continuaram-se as Campanhas de África, as vitórias de Marracuene, Magul, Chaimite, etc..pelas mãos de Mouzinho de Albuquerque, Caldas Xavier e Paiva Couceiro. A extraordinária acção internacional de Dom Carlos, granjeou para Portugal um prestígio Europeu difícil de igualar. Nessa altura visitaram Lisboa, o Rei Eduardo VII de Inglaterra, o Kaiser Guilherme II da Alemanha, O Rei Afonso XIII da Espanha e o Presidente da República Francesa Loubet. No dia 1º de Fevereiro de 1908, são barbaramente assassinados El-Rei Dom Carlos I e o Príncipe Real Dom Luís Filipe, provocando uma onda de espanto e de indignação por toda a Europa.

Dom Manuel II (1889-1932), sucederá a seu Pai o Rei Dom Carlos I, e herdará um Reino abalado pelos últimos acontecimentos, como uma crise institucional e política, propícia à propaganda Republicana, que debalde Dom Manuel procurou conter através de uma política de “acalmação”. Um golpe militar vindo dos postos subalternos da Marinha e do Exército, apoiado em sociedades secretas, proclamaria a república no dia 5 de Outubro de 1910. No mesmo dia a Família Real, sai de Portugal rumo ao exílio.